Presente, passado e futuro da gestão de talento
Presente, passado e futuro da gestão de talento
Isabel Pereira da Silva
Diretora de recursos humanos da Teka Portugal
Isabel Pereira da Silva foi a protagonista deste “Encontro com Talento”, desta vez para analisar a evolução da gestão de talento com base na sua experiência. Diretora de Recursos Humanos e responsável pela gestão de pessoas na Teka Portugal, empresa alemã de referência em eletrodomésticos, Pereira da Silva tem mais de 20 anos de experiência na área e é licenciada em Direito, com um Executive MBA pela Universidade Católica do Porto, cidade onde ocorreu esta conversa com o nosso colaborador, o jornalista Brais Suárez.
Olhar para o passado, para Isabel Pereira, é perceber que “há 20 anos, tínhamos uma forma muito mais limitada de encontrar talento, com uma grande barreira geográfica”. O processo de recrutamento, altamente burocrático e com entrevistas presenciais, “era muito demorado e o conhecimento sobre o candidato era bastante limitado, o que nos obrigava a procurar com mais frequência”. Além disso, os candidatos tinham pouco conhecimento sobre a empresa porque “a cultura da organização era pouco comunicada”.
A especialista em gestão de recursos humanos vê uma grande evolução nos processos atuais, graças às “redes de busca integral de talento”, com ferramentas valiosas como o LinkedIn e novos processos de seleção que permitem um melhor conhecimento dos candidatos. “Tudo é mais rápido, mais completo e, o mais importante, permite-nos conhecer melhor os candidatos, e eles também nos conhecem melhor enquanto empresas.”
Brais Suárez levantou a questão da lealdade do talento num mercado global, ao que Isabel Pereira destacou o trabalho da sua empresa em “ter uma marca de recrutamento forte e saber comunicar missão, valores e propósito, algo muito interessante na Teka: tratar as pessoas como únicas”.
Nesse sentido, a Teka oferece planos de formação personalizados e investe na formação de líderes, pois “dar-lhes a oportunidade de se desenvolverem é uma forma de os atrair”. A empresa também implementa medidas de flexibilidade e conciliação, além de trabalhar na experiência dos colaboradores, “envolvendo as pessoas, partilhando cenários onde possam comunicar de forma transparente e nos dizer exatamente o que pensam”.
Durante a conversa, abordaram-se também as tendências na identificação e retenção de talento, num cenário desafiado pelo envelhecimento em certas posições, o que leva à captação de profissionais “cada vez mais de outras regiões geográficas e de outras culturas”, sendo fundamental, neste contexto, “a capacidade de adaptação”.
Sobre essa flexibilidade, Brais Suárez perguntou ainda sobre a importância das hard e soft skills, e Isabel Pereira foi clara: “no futuro, teremos de dar mais importância às soft skills, ter pessoas com capacidade de inovação e, ao mesmo tempo, com uma altíssima inteligência emocional”, começando pelos responsáveis de recursos humanos.
“Deveríamos mudar a designação de gestão de pessoas para gestão de talento, teremos que ser os líderes da mudança”, considera Pereira, “trabalhando numa revolução gradual com os gestores para alcançar uma boa cultura organizacional dentro da empresa”.