Quais os principais desafios do recrutamento para as organizações
Podemos definir o recrutamento de talento como uma das atividades mais complexas e críticas para as organizações na contemporaneidade. São várias as dificuldades que se sentem quando “chega a hora” de recrutar um novo colaborador.
Atrair, selecionar e reter os melhores profissionais tornou-se um verdadeiro desafio fruto daquilo que é, cada vez mais, a competitividade do mercado.
Neste artigo procuro detalhar alguns dos principais obstáculos inerentes ao processo, analisando as dimensões da competição por talentos, evolução tecnológica, diversidade e inclusão, retenção e gestão da marca empregadora.
Como já referido, o mercado de trabalho atual caracteriza-se por uma enorme e intensa competição pelos melhores talentos. O crescimento da procura por profissionais altamente qualificados eleva a dificuldade das organizações em atrair candidatos com habilidades específicas. Acrescentando ainda que, atualmente, as empresas não competem de forma local, mas sim global, o que dificulta, ainda mais, a descoberta destes perfis. Este é um fenómeno particularmente prevalente nos setores altamente técnicos e inovadores onde existe uma enorme carência de competências especializadas. A competição interempresarial torna-se, assim, uma barreira significativa, exigindo estratégias de recrutamento cada vez mais sofisticadas e atrativas.
A tecnologia tem sido um fator crucial no cenário do recrutamento. O uso de plataformas digitais, tais como redes sociais e ferramentas de recrutamento online, tornou-se elementar para identificar e captar candidatos. Não obstante, a adaptação a estas tecnologias pode revelar-se um desafio. Contudo, “já lá vai o tempo”, em que conseguíamos encontrar e contactar os melhores perfis do mercado com estas ferramentas. O elevado número de abordagens que os candidatos recebem, impulsionou uma saturação e indiferença a estas mesmas abordagens.
Outro dos desafios primordiais nos processos de seleção é a promoção da diversidade e inclusão. As empresas, atualmente, compreendem a importância de dispor de uma força de trabalho diferenciada, diversificada e que fundamentalmente espelhe a multiplicidade da sociedade. Porém, garantir um recrutamento inclusivo requer um esforço concertado, sendo necessário, para tal, eliminar quaisquer preconceitos. A adoção de práticas inclusivas não só melhora a equidade no processo de recrutamento, como também contribui para um ambiente de trabalho mais inovador e produtivo.
E como se atrair e selecionar não fosse já um desafio suficiente, as empresas enfrentam aquela que será, possivelmente, a fase mais determinante do processo. Após incitar os seus esforços para contratar os melhores talentos, as organizações defrontam também o desafio de os reter. A retenção de talento é, hoje em dia, vista de um prisma estratégico. Inclui planos de desenvolvimento profissional, iniciativas de engagement, e um acompanhamento cada vez mais personalizado do colaborador. A falta de oportunidades de crescimento e desenvolvimento interno podem levar à desmotivação e, consequentemente, à rotatividade de funcionários, resultando em perdas substanciais para as empresas. Estas podem contornar as dificuldades através de formação contínua, planos de carreira bem definidos e trabalhando o marketing institucional, de forma a promover um ambiente de trabalho mais satisfatório.
Desenvolver o endomarketing, não só permitirá reduzir o turnover, como também, demonstrar-se-á fundamental na gestão da marca empregadora. É imprescindível, para as organizações, a construção de uma imagem positiva como empregadora. Esta gestão envolve trabalhar a cultura organizacional, tornando-a forte e atrativa, mantendo uma reputação positiva, quer online, quer no “world of mouth”. O papel que os colaboradores e ex-colaboradores desempenham neste processo é essencial pois influencia a perspetiva externa da empresa. Uma gestão eficaz da marca empregadora é um dos fatores que mais facilita, nos dias de hoje, a atração de talento.
Superar todos os desafios supracitados requer uma abordagem estratégica, inovadora e flexível. As organizações que conseguirem contornar os desafios e que consigam alinhar as suas práticas com exigência, estarão mais bem posicionadas para atrair e reter os melhores talentos, garantindo, assim, o seu sucesso a longo prazo.
Bruno Veríssimo, Commercial Specialist Grupo Nortempo